Sunday, February 3, 2013

Temas e Ideias II

Aristóteles será sempre um bom primeiro passo para discutir géneros literários - seu futuro moderno e modernista rompimento - e sobretudo a universalidade da matéria mítica que nos apresenta e constitui a base do nosso imaginário colectivo: através das suas reflexões iremos ler Eurípides, meu preferido, e os outros grandes, como Sófocles ou Ésquilo.


ARISTÓTELES, Poética
Com Aristóteles estamos no século IV a.C.
Já se conhecia a obra de Platão, com o seus diálogos, atribuídos a Sócrates, que teria sido o grande filósofo –fundador do pensamento ocidental.
Na Poética Aristóteles sistematiza o que se entende ser a Arte, Arte como Imitação, e os diferentes géneros e seus meios de estruturação e expressão, a saber:
 a Tragédia, a Comédia, a Epopeia.
Paremos a reflectir na definição de Arte, que no seu texto é referida como POESIA (do grego Poiesis, significando Criação; isso permite que se refira esta Poesia como Arte, em geral, se quisermos alargar a outros domínios da criação).
“Poesia é imitação”
Imitação de quê : imitação do real, imitação do imaginário, sendo então esta imitação igualmente uma projecção do nosso mundo consciente ou inconsciente?
O conceito de real: a realidade objectiva, do meio social, cultural, politico, mítico – neste caso da Antiguidade Clássica? Os mitos faziam parte de um mundo que projectava o próprio mundo dos humanos, tendo os deuses e heróis as mesmas qualidades e defeitos de que os humanos padeciam. 
Na Epopeia narrava-se, na tragédia ou na comedia expunham-se tais realidades ao mesmo tempo divinas e humanas.
De que modo se imitava?
Imitava-se com ritmo e harmonia (quer sonora, na música ou na poesia, que era cantada) quer na dança ( aí a exigência era feita aos movimentos do corpo) quer nas acções expostas em palco cada qual com sua linguagem própria.
Pela imitação, nessas diversas formas, o que se exprimia?
Exprimiam-se as acções, os comportamentos, os sentimentos e emoções quer de carácter mais nobre e elevado ( como faz Homero na Ilíada e na Odisseia) quer mais próximos da verdadeira natureza humana (como faz Eurípedes nas suas tragédias), de que As Bacantes ou Medeia são os melhores exemplos.

Vemos então que a Arte como Imitação conduz, ou pode conduzir (ou deve conduzir?) ao conhecimento: do mundo (ou seja dos outros, da sociedade em geral, daí a dimensão política e de intervenção que pode assumir), dos outros e sobretudo de nós mesmos: como criadores, no acto de criação, ou como espectadores ou apreciadores da arte de que nos sentimos próximos.
Assim se coloca - pela Arte – o problema do Conhecimento: criar é conhecer, ou dar a conhecer.

Chega-se ao conhecimento pela Interrogação: a arte interpela o real : o nosso e o dos outros: o objectivo e o subjectivo (por mais recôndito que seja ou que pareça)
Podemos sair daqui facilemente para a nossa época, e escolher, por exemplo, as Interrogações de Alice, pela mão inspirada de Lewis Carroll (Alice no País das Maravilhas)
 ou pela mão angustiada de Franz Kafa, no (Processo ou na Metamorfose)
em vários poemas de F.Pessoa ortónimo 

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